domingo, 5 de julho de 2009

Lançamento do livro amanhecer

6°feira, dia 26 de junho de 2009. Lançamento do livro amanhecer.

Estava há seis meses esperando esse livro ser traduzido, a emoção de ler o fim da história parecia insuportável nessas condições, queria o livro no momento em que eu terminei o terceiro, não queria esperar um tempão, mas fazer o que?
Quando o dia finalmente chegou foi incrível! Toda o amor pela história inundou minha mente mais uma vez. Eu não poderia esperar mais! Teria que comprar o livro tão esperado o mais rápido possível. No mesmo segundo em que tive esse pensamento entrei no site da livraria para averiguar o preço. Ótimo, trinta e três e noventa dizia o site. Levei quarenta reais.
Saí, então, mais cedo de casa para ir para o colégio, claro que o tempo a mais antes de dar uma da tarde era o suficiente para passar na livraria antes das aulas começarem.

Trêm... Metrô... Andar um pouco... Livraria!

Entrei. O livro estava na vitrine, naquelas arrumações monumentais no estilo pirâmide. Assim que meus olhos viram a perfeita arrumação entrei num estado de euforia, corri até a pilha enorme de livros de capa preta bem familiares sem ver nada além deles. Peguei um, escolhido a dedo depois de conferir os pequenos detalhes e ver possíveis e impossíveis imperfeições, escolhi o perfeito, aquele com as páginas mais bem enfileiradas, sem nenhuma marca de dedos, sem uma dobrinha... Fui para o caixa com o sentimento de triunfo, com um sorriso incontrolável no rosto, a felicidade transbordando de dentro da minha alma. Na fila, de apenas quatro pessoas mas que parecia infinita, fiz os costumeiros gestos: passei a mão pela largura do livro como se acariciasse algo muito frágil, li a contracapa e vi quantas páginas me separavam do final da história, quinhentas e sessenta e sete mais índice de vampiros mais agradecimentos. Folheando o livro captei palavras que traziam à tona a história que me emocionou, naquele momento me senti mais perto do meus queridos personagem, tive a sensação de que algo muito querido, que me foi tirado a força no passado, estava de volta aos meus braços depois de muito tempo de espera.
Minha mente era um fluxo incontrolável de informações dos livros anteriores, cada pequena parte do meu cérebro recapitulava cada detalhe e imaginava em que hora do dia iria ler, todas provavelmente.
Chegou a minha vez. Falei bom dia para a moça antipática do caixa que não me respondeu. Entreguei o livro com o mesmo sorriso bobo de antes. Quarenta e nove e noventa marcava o monitor da livraria. Parei, petrificada, demorou uns cinco segundo para me recuperar do choque inicial e mais um segundo para pensar no que eu ia fazer. Tirei a carteira da mochila para conferir se eu não tinha dinheiro suficiente mesmo, não tinha. Agora com um sorriso no rosto, pela primeira vez na manhã, a mulher parecia estar debochando de mim quando disse da maneira mais sínica possível que o livro tinha acabado de sair da promoção. Mais um segundo de reflexão, dessa vez para decidir se ia pular no pescoço da mulher ou não. Decidi não pular, ao invés disso dei meu melhor sorriso sonso e pedi desculpas. Deixei o livro lá, sozinho, abandonado, estava me sentindo assim, sozinha, abandonada, frustrada! Fui embora, junto com todas as minhas esperanças e euforia. Estava triste, acabada. Queria chorar, mas não me veio as benditas lágrimas necessárias, e além disso não ficaria muito interessante de se olhar uma garota sozinha no meio da rua e se afogando em lágrimas.

Fui para o colégio.

Ainda não tinha passado a tristeza inicial quando entrei na quadra para ver o jogo não sei de quem. No mesmo momento em que entrei, liguei para minha mãe, que mais cedo naquele dia tinha proposto a idéia de pedir o livro pela internet, mas que eu rapidante rejeitei porque demoraria três dias para chegar. Ela não demorou nem foi rápida para atender o celular. Contei o que tinha acontecido e agora, admitindo que ela estava certa, pedi para que pedisse pela internet. Ela riu, riso de quem pensa 'não te falei, escuta sua mãe'. Ignorei, pelo menos eu não teria que pagar pelo livro. Passei o resto do dia elaborando planos para não enlouquecer nos próximos dias.
Quando cheguei em casa já fui perguntando pra minha mãe se ela tinha pedido o livro, porque caso ela não o tivesse feito eu iria passar na livraria novamente no dia seguinte, idéia que acabara de ter. Como não pensei nisso antes? Acho que foi a sensação de segurança de que eu nunca mais passaria pela terrível experiência que me fez querer o livro da internet, mesmo que demorasse. Mas agora, com aquela súbita idéia nova, a espera parecia tão desnecessária! Não, respondeu minha mãe, e meu rosto se iluminou, falei para ela da minha idéia, que foi rejeitada com a mesma rapidez que eu rejeitara a dela de manhã. Me disse que tentaria mais, pois não tinha conseguido a tarde inteira, e só em último caso eu iria no dia seguinte. Ela conseguiu. Mais frustação percorreu meu corpo, tinha agarrado a minha nova idéia como se fosse algo precioso que eu não poderia, de maneira alguma, perder. Mas eu já estava familiarizada com a recuperação depois de uma grande frustração, dessa vez, me conformei com maior rapidez.
O livro chegou na segunda, mais rápido do que eu pensei. Mas dessa vez não sai correndo, com medo que algo tirasse aquele momento de mim novamente, fui com cautela como se algo poderoso pudesse me empedir. Abri a embalagem rapidamente e retirei o livro lá de dentro. Uma aparição. O livro não estava tão perfeito como o escolhido por mim na loja, por um momento pensei em reclamar, mas empurrei meu perfeccionismo(?) para longe. Era MEU livro, nada mais importava. O problema dessa vez? Véspera do teste de física, como alguém espera que eu estude física com um livro para ler?! Ainda pior se esse livro for algum muito esperado! Nunca imaginei que falaria isso, mas o livro não podia chegar no dia seguinte? Gritei com o entregador, que nem poderia me escutar, é verdade. Coitado, não fez nada, mas eu tinha que botar a culpa da minha nota baixa por falta de estudo em alguém, como o 'culpado' nem ficaria sabendo achei que não tinha nada de mais gritar com ele.
Já era de noite quando ocorreu esse pequeno lapso, e eu realmente tinha que estudar. Li apenas uns dois capítulos e fui dormir.
No dia seguinte acordei muito cedo para estudar e incrivelmente resisti à tentação e deixei o livro no quarto.
Claro que levei o livro para a escola comigo e li em todas as aulas, naquele dia os professores, para minha sorte, resolveram me ignorar e fingir que eu era a pessoa que mais estava prestando atenção nas aulas. Chegou o último tempo. Física, a temida. Realmente precisava de notas boas para recuperar o pequeno deslize da estréia. O teste foi em dupla, eu fiz com a sui, óbvio, e nos demos bem, felizmente.
Voltei para casa, adivinhe como? Lendo no taxi. Cheguei em casa, como? Lendo. Só não tomei banho com o livro. Mas quando sai, continuei lendo. Jantei lendo também.
Li até duas e meia da manhã, tempo necessário para ler até a parte que eu queria. Para piorar estava passando mal, ainda não tinha mencionado isso.
Estava ardendo em febre quando terminei de ler o que eu queria. Não me importei muito com isso, apesar da sensação corporal péssima estava no céu de felicidade pelo livro. Minha irmã nem acordou quando levantei da minha cama fazendo o típico barulho de madeira rangendo. Levantei, desliguei a luz, abri a porta e sai. Fui andando pelo corredor escuro tomando o corriqueiro cuidado com o chão de ardósia que faz barulho em duas placas, desviei, pisando nos cantos como de costume, com bastante cuidado para não fazer um único barulho. Eu era um fantasma na noite escura, flutuando à procura de algo. No meu caso a cozinha. Minha mão achou o interruptor com grande rapidez e eficiencia. Bebi um copo de aguá e voltei pelo mesmo caminho e com a mesma cautela, a de um fantasma. Desviei da ardósia mal colocada e encontrei a maçaneta do banheiro, abri a porta fazendo o mesmo barulho que eu faria se eu atravessásse-a. Escovei os dentes e saí para a escuridão mais uma vez. Quando voltei, subi na cama fazendo o mesmo barulho de madeira que da mesma forma não acordou a minha irmã. Deixara de ser um fantasma da noite, voltara para meu refúgio feliz e depois relaxei. Fui dormir com a bela história na cabeça, ainda queimando de febre e ainda feliz.
No dia seguinte não fui à escola, estava doente. Aproveitei para terminar o livro. Indescritível!