Novela é a coisa mais surreal que existe, apesar de tentar retratar a vida real. Mas afinal, você já tem a sua vida, pra que assistiria algo igual ao que vê todos os dias? Por isso novelas possuem personagens repetitivos e irreais. Ou você acha que existe alguém que SÓ pensa nos outros e é um total poço de bondade igual a Serena, de Alma Gêmea? Ou alguém SÓ malvado como Doutou Abobrinha, do saudoso Castelo Rá-tim-bum (o maldito era ganancioso, egoísta, cínico, feio que dói e se aproveitava da inocência de uma criança de 300 anos) ?
Não existe pessoas boas ou ruins. Existe o momento em que uma pessoa está sendo boa ou má. Mas na televisão não pode ser assim. Essa divisão de bem e mal é o que diverte, emociona e dá movimento à trama. Mas principalmente, gera conflitos. E é isso que as pessoas esperam ver num programa: o velho barraco, uma discussão. É o ponto forte da novela, quando a mocinha boa e inocente decide finalmente acertar as contas com a bandida. Mas não é assim na realidade.
Pense, como seria uma novela só com mocinhos? Simplesmente chata. Ninguém ia assistir. Não existe história depois dos felizes para sempre. Porque? Porque não tem história. O que iam contar? Como foi o dia incrivel do casal, que acorda feliz, sem mal hálito, de cabelo escovado, e passam o dia fazendo coisas como tomar sorvete, ir na pracinha, almoçar com amigos, ir na pracinha de novo, jantar fora e dormir, tudo isso sempre felizes? Gente, simplesmente não rola. Os vilões são aqueles que fazem a gente gostar da coisa; fazem a gente pensar: oh, não, isso não pode acontecer!! oh, coitados, sofrem tanto! No fim é isso. As pessoas sentem pena dos bonzinhos e raiva dos maus. Passam a novela toda imaginando a hora que o vilão for desmascarado. Mas quando chega essa hora, a novela acaba.
Terça-feira, dia 2/2/10 saiu do BBB Tessalia, a jogadora, com 78% dos votos. Porque? Porque ela jogava, não era totalmente sincera. E o Brasil espera que o mais tolo, o mais inocente que vai cair na ladainha de qualquer um leve 1 milhão e meio de reais. Ora, o BBB é um jogo, não uma colônia de férias onde as pessoas vão pra brincar e fazer amigos de verdade. Lógico, isso pode acontecer, mas não é o principal. Todos falam de lealdade lá dentro, mas uma hora o jogo se fecha e fica cada um por si. Nessa hora não tem amiguinho. Ninguém vai pensar duas vezes antes de dar uma facada nas costas de algum "amigo". E se é um jogo, é pra ser jogado. Todos estão lá pra ganhar, e cabe a cada um criar um método de tentar chegar ao final. Num jogo, você tem que blefar, por mais que você esteja jogando com alguém que você goste. Porque simplesmente é um jogo. E o Brasil tirou um dos melhores jogadores desse ano. Porque? Porque estava jogando. Não parece injusto? O Brasil quer pessoas boazinhas, mas não existe. O BBB é um jogo, ninguém pode garantir que o modo de agir lá é o mesmo modo de agir aqui fora.
Há também um outro problema, que liga os dois temas que tratei nesse texto: Além de ser um jogo, o BBB é um programa de televisão, que precisa de audiência. É o programa consegue essa audiência atraves dos barracos, das confusões, das brigas... Enfim, atraves dos momentos críticos. Quem vai assistir um grupo de pessoas que fazem nada o dia todo. O ponto alto do BBB, como nas novelas, é quando o mocinho (a suposta pessoa injustiçada que nunca fez nada na casa e parece que tá de férias) confronta o vilão (aquele que joga porque, bem, é um jogo ¬¬). Mas que ironia, não? As pessoas assistem porque tem os "malvados", mas querem tirar esses tais "malvados". Se todos os barraqueiro sairem, o que vai restar? Quem vai assistir um programa monótono, onde as pessoas estão muito bem obrigada, com seus novos amiguinhos?
Afinal, o que você quer, Brasil?
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